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Conselho Municipal da Mulher discute o racismo sofrido por mulheres negras no Eusébio

segunda-feira | 29/11/2021
A audiência teve como tema: “Consciência Negra; vivências e racismo sofrido por mulheres negras no Município de Eusébio” (Foto: Jully Lioba)

O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher do Município de Eusébio (Comdim) realizou, nesta segunda-feira (29), no auditório da Autarquia Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (AMMA), uma audiência pública com a temática “Consciência Negra; vivências e racismo sofrido por mulheres negras no Município de Eusébio”. O evento foi aberto pela presidente do Comdim, Ana Freitas, que destacou que o Dia da Consciência Negra foi comemorado no dia 20 passado, tendo essa data sido criada em 2003 para refletir sobre a inserção dos negros na sociedade brasileira. “Essa data lembra o dia 20 de novembro de 1695 data em que Zumbi dos Palmares morreu. Também não podemos deixar de lembrar de sua esposa, Dândara dos Palmares que lutou com ele pela extinção da escravatura no Brasil. Vivenciamos o racismo sofrido pelas mulheres negras não só no Eusébio, mas em todo o país e precisamos nos posicionar e buscar saídas para esse problema”, disse.

Já a vice-presidente do Comdim e membro do movimento social Nucleo Popular, VItória Glenda. afirmou que o município do Eusébio precisa abrir suas portas para discutir a temática do racismo e criar políticas públicas em prol desse segmento. “A escravidão oficial terminou em 1888 e o povo negro foi jogado na sociedade sem nenhuma política pública que facilitasse sua inserção. Até hoje vemos essa situação se prolongar. No Eusébio, a metade da população podemos considerar negra. Portanto não podemos admitir que alguem entenda que no Eusébio não existem mulheres negras, existe sim e elas estão inseridas em vários segmentos, inclusive no Conselho da Mulher. Queremos quebrar essas amarras que ainda existem na sociedade, porque entendemos que o racismo é estrutural. Existem mulheres negras em cada espaço, e nós não vemos essas mulheres sendo vistas na sociedade, pois elas há muito tempo vêm sendo invisibilizadas. Nessa gestão do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher não queremos reproduzir esse conceito que existe na sociedade, queremos quebrar isso e debater politicas publicas para a mulher negra, e essa audiência é o primeiro passo para o que agente quer fazer no município”, detalhou.

Em seguida aconteceu uma apresentação musical com Leanderson Rodrigues, morador do bairro Santo Antônio e uma apresentação artistica com Wel Reina. A primeira palestrante foi Luciana Lindenmeyer, pesquisadora da FioCruz, Doutoranda em Sociologia, moradora do Eusébio e participante da Rede Mulheres Negras do Ceará, que destacou a importancia da discussão, “é preciso termos história e memória para que os resquicios que ainda temos no Brasil sejam eliminados”, disse.

A oradora seguinte foi Samia Gomes Silva Magalhães, coordenadora da Escola de Ensino Médio Professora Francisca Linhares e Educadora, que falou das dificuldades que as mulheres negras ainda enfrentam não só em relação ao acesso a educação, “mas também na profissionalização e exercício dessa profissão na sociedade que ainda é muito discriminatória e muito cruel com as mulheres negras, principalmente as mulheres negras de periferia”, frisou. Após as falas aconteceu a abertura dos debates entre os presentes.

A mesa da audiência foi composta pela presidente do Comdim, Ana Freitas; pela vice-presidente do Comdim, Vitória Glenda; pela Assessora de Políticas para as Mulheres do Eusébio, Yara Steremberg; pela pesquisadora da Fiocruz, Luciana Lindenmeyer e pela coordenadora da Escola de Ensino Médio Professora Francisca Linhares e Educadora,
Sâmia Gomes Silva Magalhães.