Dentro da programação Trimestre dos Direitos, a Prefeitura Municipal de Eusébio, através da Secretaria do Desenvolvimento Social e o Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas), realizou nesta sexta-feira (20), o seminário “O Negro e a Cultura Brasileira”, que teve como objetivo discutir questões relacionadas ao preconceito racial, de gênero, e a violência contra a mulher negra.O evento foi aberto com uma apresentação de dança com o balé do Naec, que apresentou a “Dança Negra”. Após os hinos; Nacional e do Eusébio, aconteceu à mesa redonda “O Negro na Cultura Brasileira e o Papel da Mulher”, com Francisca Sena, do Instituto Negra do Ceará (Inegra) e do Coletivo de Mulheres Negras Cearenses, que fez uma exposição histórica sobre a presença dos negros no Brasil. Segundo ela, o povo foi seqüestrado de sua terra e forçado a trabalhos forçados, a castigos físicos, humilhações, durante 320 anos e, após essa fase, libertos, nada ganharam em troca dos anos a fio de trabalhos forçados e tiveram que morar em palafitas e em cortiços, “coisa que perdura até hoje”. Observa que a atual realidade do negro brasileiro tem a ver com a história do país. Francisca Sena observou que o padrão de beleza no Brasil é o europeu, por isso as mulheres pintam o cabelo de louro e usam chapinha. “Havia um estudo no século XIX, que dizia que as pessoas negras tinham capacidade intelectual inferior a das brancas. Agora recentemente um professor da USP defendeu essa mesma tese. No Brasil, 60% dos crimes atingem a população negra e a violência contra a mulher negra cresceu 54%. Isso demonstra que o racismo existe, apesar de alguns dizerem que não. E olha que 50,4% da população se dizem negra.” Ela citou, ainda, que 6% dos deputados federais e senadores são negros, e apenas 9% são mulheres. “Temos ai o racismo e o sexismo”. Ela destacou ainda a luta dos índios contra a PEC 215 que tira do Governo a prerrogativa de definir as áreas indígenas e quilombolas e passa para o Congresso. “Mais de 300 deputados foram eleitos com dinheiro de grandes empresas que não tem interesse no tema e apóiam o agronegócio, isso quer dizer que teremos muitas dificuldades para que as demarcações ocorram”, analisou.Ela falou ainda da África e de Moçambique onde morou e afirmou que apesar da imagem negativa de que se tem sobre o continente, ele é rico e com locais bem desenvolvidos. “São 54 países multiculturais e com grandes diferenças”, relatou. Outro ponto abordado por Francisca foi com relação ao preconceito religioso. “muitas pessoas acreditam que as manifestações religiosas africanas são do mal, mas elas exaltam a natureza e a espiritualidade. Esse padrão de pensamento é baseado no eurocentrismo”, revelou. Após sua explanação, foi realizado um debate e em seguida uma exposição dialogada com o tema “O Creas e a Violência Contra a Mulher Negra em Eusébio”, ministrada pela coordenadora do Creas, Rosa Maria Mesquita, seguido de um novo debate. A programação dessa sexta-feira prevê ainda uma Oficina de Danças Afro Brasileiras, às 17h30 horas no Ginásio da EEF Neusa de Freitas Sá e uma Grande Roda de Capoeira, às 19 horas no mesmo local. Todas as escolas do Município fizeram cartazes sobre a Cultura Negra para exposição durante a semana. O Prefeito Júnior afirma que o Dia da Consciência Negra é dedicado para pensarmos sobre a importância da cultura e do povo africano em nosso país. “Eles foram fundamentais para a construção da nossa história, e do desenvolvimento do país. Nossa sociedade hoje tem influência em vários aspectos, como na música, dança, artes, esportes, religião, culinária e na participação política e social. Entre outros aspectos. Por isso temos muito a agradecer e a comemorar essa data”, pontuou.